ACAPURANA (Campsiandra BENTH., LEGUMINOSAE-CAESALPINIOIDEAE): PLANTAS MEDICINAIS COMO SUBSÍDIOS PARA FUTUROS ESTUDOS FARMACOLÓGICOS

Resumo

Campsiandra Benth. (Leguminosae-Caesalpinioideae) compreendem aproximadamente 23 espécies com distribuição neotropical restrita à América do Sul, com centro de distribuição no domínio Amazônia em florestas ripárias, florestas inundáveis em planícies aluviais, floresta estacional perenifólia e floresta ombrófila, principalmente nas bacias dos rios Amazonas e Orinoco. O uso medicinal e alimentício é bem conhecido no Peru, Colômbia e Venezuela, com pouca ou quase nenhuma utilização no Brasil. Assim, o objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento de Campsiandra Benth. (Leguminosae-Caesalpinioideae) como planta com potencial medicinal a fim de subsidiar trabalhos futuros em farmacologia. Para este trabalho foi realizado um levantamento bibliográfico com buscas nas bases de dados do Google acadêmico, Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e literatura específica (artigos, notas técnicas e livros) com a coleta de dados sendo realizada no período de janeiro de 2021 a abril de 2022. Trabalhos relacionados com etnobotânica foram acrescentados para orientação de testes futuros. Desta forma, foram analisadas 36 referências que indicaram que são usadas cerca de quatro espécies de Campsiandra para fins medicinais, são elas: C. angustifolia Spruce ex Benth, C. laurifolia Benth., C. comosa Benth. e C. guayanensis Stergios. Assim, os resultados revelaram que C. angustifolia, a espécie mais citada nas referências, oferece propriedade anti-inflamatório, uso para resfriados, artrite reumatóide e no trato gastrointestinal. Para essa espécie foram citados também, o uso para o sistema reprodutor feminino e ação anti-malárica.  Enquanto que a C. laurifolia pode ser usada para dermatite atópica e como alternativa no auxílio do tratamento para infecção por leishmaniose. Outras pesquisas apontam resultados promissores com extrato aquoso do fruto com ação antifúngica para o tratamento de candidíase, além de demonstrar ação antimicrobiana. Os frutos de C. comosa apresentam potencial antioxidante e as sementes são usadas para a produção de farinha como alimentação contendo propriedades medicinais, com grande valor nutricional, além de serem utilizadas também, como antipiréticos, tônicos e para tratamento de úlcera gástrica por comunidades tradicionais. Estudos citam presença de saponinas em C. guayanensis, esses são antioxidantes importantes que estão relacionados no combate dos radicais livres. Outro ponto a ser destacado, trata-se da redução da formação de placas de ateroma nos vasos sanguíneos, prevenindo o infarto no miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Portanto, Campsiandra tem grande potencial como planta medicinal, havendo a necessidade da realização de estudos mais aprofundados de pesquisas voltadas para a farmacologia e, posteriormente, a sugestão de sua inclusão na lista do RENISUS.