COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ATIVIDADE ALELOPÁTICA DO ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS DE SYZYGIUM CUMINI (L.) SKEELS FRENTE SEMENTES DE ALFACE E TOMATE.
Palavras-chave:
Compostos voláteis, Fitototoxicidade, MyrtaceaeResumo
Os óleos essenciais são misturas de substâncias voláteis produzidas por plantas, podendo atuar na defesa desses vegetais. Dentre as famílias botânicas produtoras de óleos essenciais destaca-se a família Myrtaceae que abriga a espécie Syzygium cumini (L.) Skeels1. Este trabalho teve o objetivo de avaliar o perfil químico e a atividade alelopática do óleo essencial (OE) das folhas de S. cumini, frente a sementes de alface (Lactuca sativa) e tomate (Solanum lycopersicum). O óleo essencial foi obtido por hidrodestilação do material fresco em aparelho de Clevenger. A análise química do OE foi realizada por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas e a identificação dos constituintes químicos foram identificados pelo cálculo do Índice Aritmético e comparação de seus respectivos espectros de massas com dados da literatura. O ensaio alelopático foi realizado em câmara de germinação a 25 ºC e 12 h de fotoperíodo, utilizando nanoemulsões com Tween 80 nas concentrações de 1%, 0,1%, 0,01% e 0,001% (v/v) do OE sobre vinte sementes de cada cultura (S. lycopersicum e L. sativa) em quatro repetições. Foram realizadas avaliações diárias até o décimo dia após a germinação e os resultados expressos conforme critérios estabelecidos pelas Regras para Análise de Sementes2. O rendimento do óleo foi de 0,25% (v/m). Foram identificadas 79 substâncias sendo as majoritárias (Z)-β-ocimeno (22,4%), β-pineno (8,68%), limoneno (8,45%), α-terpineol (8,06%), α-pineno (6,26%), trans cariofileno (6,17%). O OE aplicado na concentração de 1% promoveu uma redução de 83% na germinação das sementes de alface e 81% sobre as sementes de tomate e em todas as concentrações a germinação foi severamente inibida durante o ensaio alelopático. A inibição de germinação das sementes pelos óleos essenciais pode ser devido à presença dos terpenoides, visto que eles podem alterar o processo de permeabilidade da membrana celular, reduzindo a atividade enzimática e interferindo na germinação de sementes e crescimento de plântulas3. Contudo existe ainda uma grande necessidade de análises e investigações mais detalhadas acerca da fitotoxicidade do óleo essencial de S. cumini e seus mecanismos de ação, a fim de garantir a segurança do seu uso para espécies vegetais e animais não-alvo e sua possível aplicação como herbicida natural.
Referências
WCSP (World Checklist of Selected Plant Families), v. 251, p. 319, 2005.
Brasil. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 365p., 1992.
El-Shora, H.M. et al. J. Stress Physiol. Biochem., v. 10, p. 167-180, 2014.