A Toxicidade de extratos de Deguelia duckeana A.M.G. Azevedo (Fabaceae) sobre os organismos teste Lactuca sativa e Artemia salina
Palavras-chave:
Deguelia duckeana, toxicidade, alelopatia, Artemia salina, terpenos, flavonoidesResumo
Deguelia duckeana (Fabaceae) é uma planta endêmica, conhecida como cipó-cururu ou timbó. Estudos realizados com a espécie indicaram potencial anticâncer de flavonoides isolados a partir do extrato diclorometânico (DCM) das raízes. Espécies vegetais com histórico de produção de metabólitos bioativos tem se tornado o principal alvo da prospecção de bioherbicidas, com destaque para indivíduos que apresentam relatos de toxicidade, ou de elevada resistência a modificações ambientais, apresentando uma certa vantagem de distribuição e dominância frente a outros indivíduos que busquem se estabelecer. Assim, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar a toxicidade de D. duckeana sobre os organismos teste Lactuca sativa e Artemia salina a partir de extratos hexano/acetato e metanólicos de folhas coletadas in vivo, bem como avaliar o efeito do extrato aquoso das raízes a fim de confirmar a potencialidade tóxica apresentada na literatura. Para a realização do teste de fitotoxicidade, os extratos hexano/AcOEt e metanólico das folhas bem como o extrato aquoso das raízes foram solubilizados na concentração de 1000 µg/mL, utilizaram-se 25 sementes de L. sativa em cada quadruplicata, sendo avaliados: porcentagem de germinação, índice de velocidade de germinação e crescimento das plântulas de L. sativa. No ensaio de toxicidade frente A. salina os extratos foram testados em triplicata nas concentrações de 1000, 500, 250, 125, 60 e 30 µg/mL. Quanto aos resultados obtidos, no ensaio da atividade fitotóxica, o índice de velocidade de germinação foi retardado pelo extrato metanólico das folhas, e o crescimento radicular sofreu um decréscimo quando submetido ao extrato hexano/AcOEt das folhas. Com relação ao extrato aquoso das raízes, este por sua vez estimulou o crescimento radicular de L. sativa em aproximadamente 90% em relação ao controle. No teste de toxicidade frente A. salina, o extrato aquoso das raízes (nas concentrações máximas de 250 e 60 µg/mL), respectivamente, não apresentaram elevada toxicidade. As análises por Cromatografia em Camada Delgada Comparativa (CCDC) e Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN de 1H) dos extratos ativos sugeriram a presença de terpenos e substâncias fenólicas, estando possivelmente essas classes químicas relacionadas às atividades biológicas encontradas; de modo que a espécie D. duckeana pode ser considerada produtora de substâncias interessantes para a bioprospecção tanto de herbicidas naturais, como de biofertilizantes.