Case NAtiva: o potencial da inovação a partir da biodiversidade brasileira
Resumo
Nosso país detém cerca de 22% da biodiversidade do planeta¹, a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, encontra-se em território brasileiro, sendo a riqueza de nossos biomas reconhecida e respeitada. O Brasil é líder na produção de conhecimento científico em produtos naturais, porém, perante um cenário de investimento limitado e desarticulação entre o setor público e privado, o percentual de bioprodutos inovadores que chegam até o mercado ainda é pequeno. Entretanto, 50% dos medicamentos registrados no mundo entre 1981 a 2019, são provenientes ou inspirados nos produtos naturais², reafirmando o potencial da biodiversidade.
Tendo isso em vista, o Edital Emerge Amazônia foi lançado em 2021³ pela Emerge Brasil em parceria com o Grupo Bemol, Aché, BRF, Natura e Nintx. O intuito dessa iniciativa foi mapear tecnologias que utilizavam a biodiversidade amazônica. As 149 tecnologias mapeadas disponibilizaram informações pré-definidas pelas empresas parceiras. Após uma rodada de entrevistas, 9 tecnologias avançaram para o bootcamp, onde tiveram suporte para estruturação do business case, roadmap tecnológico e discussões sobre pontos críticos do desenvolvimento. Finalmente, 3 tecnologias foram selecionadas e contempladas com investimento para estruturação da startup, dentre essas, a NAtiva.
No decorrer do processo os feedbacks foram positivos e construtivos, o que possibilitou às pesquisadoras e co-fundadoras aprimorarem seus conhecimentos. As soluções inovadoras propostas pela NAtiva se destacaram durante o bootcamp e ao final foram antecipadamente consideradas para negociação com as empresas parceiras, avançando para Due Diligence. O primeiro passo foi o processo de transferência de tecnologia. Com desafios envolvendo a construção de uma minuta que garantisse a viabilidade do desenvolvimento, e que atendesse aos interesses das partes. O processo foi concluído junto ao NIT por meio de edital público.
Hoje, a NAtiva segue estabelecendo parcerias e apresenta em seu pipeline dois fitomedicamentos com perspectivas de avanço para fase pré-clínica regulatória. A startup tem como missão transformar os insumos bioativos em produtos inovadores, desenvolvendo uma cadeia produtiva sustentável e comprovando que a floresta em pé tem grande valor.
Os desafios relacionados à inovação radical e à biodiversidade são diversos, mas alinhados a parceiros e com apoio estratégico é possível alavancar o cenário de fitomedicamentos no Brasil. Nesse contexto, as startups surgem para dinamizar o processo de inovação, além de oportunizar aos cientistas empreendedores novas possibilidades de inserção no mercado. Logo, a NAtiva é um case inspirador que se insere em uma pauta de extrema relevância e estratégica para o Brasil: Inovação e Biodiversidade.
Referências
(1) BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, 2022;
(2) NEWMAN, D. J.; CRAGG, G. M. Journal of natural products, 2020;
(3) PIMENTEL, D.; DELGADO, L. Horizonte Inovação & Ciência: O potencial de inovação com base em ciência a partir da biodiversidade amazônica, 2022. Disponível em: