Atividade antiplasmodial e citotóxica in vitro e perfil fitoquímico do extrato etanólico de folhas de Trema micrantha (L) Blume Cannabaceae
Palavras-chave:
citotoxicidade, parasita Plasmodium, plantas medicinaisResumo
A malária continua sendo um problema de saúde pública no mundo e cerca de 90% dos casos graves são resultado de infecções causadas pelo parasita Plasmodium falciparum. A resistência aos medicamentos antimaláricos utilizados para o tratamento desta doença, em especial a cloroquina, tornou-se um desafio que levou a diversas pesquisas etnobotânicas e etnofarmacológicas a buscar novas moléculas a partir de espécies vegetais com potencial contra parasitas da malária, assim como o desenvolvimento de novos fármacos. Trema micrantha (L) Blume pertencente a família Cannabaceae, é uma planta nativa do Brasil, sendo comumente utilizada na medicina tradicional e no tratamento de reumatismo, diabetes, envenenamento por picadas de serpentes e, além disso, extratos das folhas tem apresentado atividade analgésica e anti-inflamatória. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade antiplasmodial, citotóxica, e determinar o perfil fitoquímico do extrato etanólico de folhas de T. micrantha coletadas na Rodovia Fernando Guilhon, Santarém – Pará (HSTM-14067). A pesquisa foi registrada no sistema SisGen sob o código A287942. A atividade antiplasmódica do extrato foi analisado por meio do método de quantificação da lactato desidrogenase (PfLDH) em cepas W2 de P. falciparum e a citotoxicidade foi avaliada em células HepG2 A16 pelo método MTT, ambos in vitro. A caracterização fitoquímica do extrato etanólico de T. micrantha foi determinada por Cromatografia em Camada Delgada (CCD) e apresentou triterpenos, esteróides e derivados flavônicos (geninas e heterosídeos). Este apresentou redução significativa do crescimento da cepa W2 de P. falciparum nas concentrações de 50µg/mL (82.0 ± 8.8 µg/mL) e 100 µg/mL (95.3 ± 3.5 µg/mL) e não evidenciou citotoxicidade para células HepG2 (CC50 > 100 µg/mL), apresentando 100% de viabilidade. A presença de triterpenos, esteróides e flavonóides no extrato etanólico pode estar relacionado com a redução da parasitemia, pois estes compostos apresentam atividade anti-inflamatória e antioxidante. Os radicais livres produzidos durante o processo de infecção celular pelo parasita são capturados, resultando na inibição da produção de óxido nítrico, impedindo danos as células infectadas, reduzindo assim os sintomas característicos da malária, o que torna o extrato de Trema micrantha uma importante fonte para o desenvolvimento de fitoterápicos antimaláricos, visto que a malária é endêmica na Amazônica.
Referências
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