REAPROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS DE ANDIROBA (Carapa Guianensis Aublet) GERADOS NOS PROCESSOS EXTRATIVOS DE VEGETAIS AMAZÔNICOS NA PRODUÇÃO DE SABONETES ARTESANAIS.
Resumo
Uso de produtos florestais não-madeireiros em negócios locais e indústrias são essenciais para o desenvolvimento sustentável e fortalecimento da floresta em pé com a conservação dos ecossistemas. Nesta perspectiva, o presente trabalho teve como objetivo o uso do resíduo de andiroba (Carapa guianensis Aublet) produzidos na extração dos óleos, para produção de um sabonete com propriedades terapêuticas, gerando uma nova fonte de renda para a comunidade São Domingos, localizada na Flona do Tapajós. Os resíduos foram obtidos na comunidade e os sabonetes foram desenvolvidos no Laboratório de Farmacotécnica da Universidade Federal do Oeste de Pará (UFOPA) na cidade de Santarém - PA. Para o desenvolvimento dos sabonetes, foram empregados óleos, manteigas vegetais e resíduo da andiroba na composição. A tecnologia utilizada foi o processo à quente “hot process”, neste método, mistura-se a lixívia com as gorduras até formar uma emulsão. Para a formulação do sabonete foi utilizado 50 g resíduo de andiroba em 30 g de óleo de andiroba, 100g de óleo de coco, 30 de óleo de oliva, 40 g de manteiga de murumuru, 60 g de hidróxido de sódio, 120 mL de água destilada, 35 g de cera de abelha, 3g de essência. Os ingredientes foram pesados, óleos e manteigas dissolvidos, e aquecidos, ao atingir a temperatura de 100º C, adicionado o resíduo de andiroba, em seguida a preparação da lixívia. Quando os óleos e a lixívia alcançaram a mesma temperatura em torno de 50 ºC, a solução de soda nos óleos foi misturada, utilizando um “mixer”. O pH foi medido utilizando 10g de amostra diluída em água destilada, com o auxílio de uma fita indicadora de pH, devendo estar entre 7 e 10,5. A massa foi colocada em formas para secar e após 24h desenformado. A fórmula do teste do sabonete foi planejada para produção de 300g, com rendimento de 15 sabonetes de 7 x 3 cm (aproximadamente 30 gramas por barra) e 1 sabonete de 1 cm para teste. O sabonete apresentou qualidade, com durabilidade, ação detergente, voltada para higiene pessoal. Além disso, a utilização do resíduo na produção do sabonete reaproveitando o resíduo de andiroba, se mostrou uma alternativa mais sustentável, e usado como modelo de bionegócio, agregando valor a um resíduo, antes descartado, produzido pelo coletivo de mulheres da Associação dos Produtores de Óleos de Andiroba Quatro Irmãos – ASPRODAQI na Comunidade São Domingos.