CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO FITOQUÍMICO DA ESPÉCIE PIPER UMBELLATUM L. (PIPERACEAE) ORIUNDA DA MATA ATLÂNTICA CEARENSE

Resumo

Introdução: Piper umbellatum é uma espécie de planta medicinal da família Piperaceae, nativa das Florestas Atlânticas do Estado do Ceará, utilizada pelas comunidades da Serra de Maranguape e do Maciço de Baturité. Relatos apontam o uso popular de P. umbellatum como agente analgésico, antitérmico, anti-inflamatório e anti anêmico. Objetivos: Caracterizar grupos de metabólitos secundários fixos e fitoconstituintes voláteis das folhas de P. umbellatum, identificar suas potencialidades biológicas e farmacológicas, bem como inserir a referida espécie no Banco de Germoplasma de Plantas Medicinais Professor Francisco José de Abreu Matos. Materiais e Métodos: O material botânico coletado no município de Pacoti - Ceará foi identificado e depositado no Herbário Prisco Bezerra, da Universidade Federal do Ceará sob o código EAC66065. A abordagem fitoquímica foi conduzida de acordo com técnicas farmacognósticas para a avaliação da presença das seguintes classes de metabólitos secundários: taninos, saponinas, flavonoides, antocianinas, cumarinas, antraquinônicos, heterosídeos digitálicos, alcaloides, esteroides e triterpenos. O óleo essencial (OE) da espécie foi obtido por meio da técnica de arraste à vapor d’água, tratado com sulfato anidro para remoção de umidade residual e armazenado em frasco de vidro âmbar sob refrigeração. O OE foi analisado por Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas (CG/EM) em aparelho modelo Shimadzu GC-2010 Plus.  As informações adicionais referentes à espécie foram obtidas por meio de revisão de literatura de estudos etnobotânicos e farmacoquímicos, realizados no período de junho de 2017 a agosto de 2022. Resultados e Discussão: As seguintes classes de metabólitos fixos foram detectadas nas folhas da espécie: esteróides (vestígios), triterpenos (+++), saponinas (vestígios), heterosídeos digitálicos (+++) e alcalóides (++).  O OE de P. umbellatum apresentou como constituintes majoritários: diacetona álcool (20,72%), ciclohexeno (10,9%) e geranial (6,76%). A presença das classes de metabólitos fixos alcalóides e triterpenos pode corroborar com as alegações terapêuticas mencionadas em estudos etnobotânicos da espécie, assim como a detecção do monoterpeno geranial. Conclusão: As informações são inéditas no Ceará, pois trata-se do primeiro estudo fitoquímico com a espécie local, ou seja, são informações estratégicas para fortalecimento das políticas de conservação da Mata Atlântica cearense, área definida como prioritária para conservação da biodiversidade, melhorando a caracterização dos recursos medicinais ainda disponíveis na flora nativa regional bem como vislumbrando suas aplicações no âmbito da farmacologia, cosmecêutica e da agroindústria.