Essencioteca do Professor Francisco José de Abreu Matos
Quimiotipagem e Avaliação do Potencial Antimicrobiano de Lippia alba (Mill.) N.E. Brown.
Palavras-chave:
Óleos essenciais, Essencioteca, Lippia, Simulação Computacional, QuimiometriaResumo
A resistência microbiana tem se tornado um grande desafio para a medicina moderna, uma vez que existe uma importante escassez de medicamentos capazes de combater as infecções causadas por agentes patogênicos resistentes. O Nordeste é uma região brasileira rica em biodiversidade, mas devido ao clima predominantemente semi-árido, tem sido negligenciada e tida como pobre em espécies aromáticas contendo fitoquímicos com potencial de bioprospecção farmacêutica. Assim, a maioria das espécies ocorrentes no Nordeste, aclimatadas ou nativas, não possuem potencial farmacoquímico antimicrobiano totalmente definido. O gênero Lippia apresenta várias espécies aromáticas ocorrentes no Nordeste incluindo Lippia alba. O Programa de Óleos Essenciais e Plantas Medicinais do Nordeste (1974 – 1990) conduzido pelo falecido Professor Francisco José de Abreu Matos e sua equipe culminou na produção de um acervo raro, denominado Essencioteca, o qual contém diversos registros fitoquímicos não publicados de óleos essenciais de dezenas de espécies aromáticas oriundas da flora brasileira. Os dados referentes a espécie L. alba constantes no acervo foram avaliados por meio de ensaios in silico a fim de determinar o potencial de bioprospecção antimicrobiana na plataforma PASS Online. Técnicas de quimiometria, incluindo Análise de Componentes Principais (PCA) e Análise de Cluster Hierárquico (HCA), foram empregadas com o auxílio do software Minitab® (free trial) 21 com vistas a caracterizar os quimiotipos da espécie L. alba registrados. Os constituintes maioritários registados para análises de óleos essenciais da espécie L. alba foram geranial (0,06-38,58%), neral (1,63–45,21%), carvona (0,48–83,63%), mirceno (0,40–26,98%), sabineno (0,41–26,98%) e limoneno (1,50–31,94%). A presença da mistura dos monoterpenos geranial e neral, os quais são isômeros geométricos, é denominada citral. A análise quimiométrica dos dados permitiu classificar a espécie em quatro quimiotipos: limoneno-citral, mirceno-citral, carvona, e limoneno-carvona. Todas as substâncias majoritárias mostraram potencial de aplicação antimicrobiana, seja para ação antifúngica, antibacteriana, antimicobacteriana, inibidora da beta lactamase e/ou inibidora da enzima esqualeno epoxidase. O limoneno apresentou maior potencial de ação antimicrobiana registrada para a ação antimicrobacteriana (61,00%), seguido da molécula de mirceno para ação antifúngica (58,40%). Os achados indicam que os diferentes quimiotipos de L. alba da Caatinga brasileira oferecem potencial farmacoquímico para o desenvolvimento de novos fitomedicamentos antimicrobianos.