USO DA MANTEIGA DE MURUMURU (ASTROCARYUM MURUMURU MART.) PARA OBTENÇÃO DE SISTEMAS DE LIBERAÇÃO DE FÁRMACOS SEM TENSOATIVOS
Palavras-chave:
Astrocaryum murumuru;, Cristais líquidos;, Liberação sustentada de fármacos.Resumo
A manteiga de Astrocaryum murumuru possui uma estrutura rica em ácidos graxos, como o ácido oleico e láurico, o que permite a formação de fases líquido-cristalina e também pode resultar em um sistema biocompatível e biodegradável capaz de permitir a incorporação de fármacos com diferentes polaridades. A maioria dos tensoativos empregados no preparo desses sistemas são sintéticos, podem apresentar irritação e toxicidade à pele, além de ter alto custo. Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo desenvolver um sistema líquido-cristalino contendo manteiga de murumuru e água, a fim de avaliar sua eficiência em promover uma liberação sustentada de fármaco em relação à uma formulação contendo tensoativo. Para isso, foram preparadas duas formulações, denominadas F1 contendo 50% de manteiga, 40% de tensoativo e 10% de água, e F2 contendo 90% de manteiga e 10% de água, ambas contendo metronidazol. A fase oleosa foi aquecida à 40º C, em seguida foram adicionados a água, metronidazol, e o tensoativo na F1. Todas as formulações foram caracterizadas por microscopia de luz polarizada (MLP). O método analítico para quantificação do fármaco foi validado por espectrofotometria. Em seguida, foi realizado o ensaio de captação de água e o perfil de liberação in vitro foi obtido pela técnica de difusão em membrana de diálise. No ensaio de MLP, as formulações apresentaram características de fase hexagonal. O método foi preciso, apresentando desvio padrão relativo (DPR) de 0,7% para precisão intra-dia e 1,2% para inter-dia. O teor de recuperação do fármaco foi de 102% (DPR < 5%) para F1 e 99% para o F2. Na captação de água, a F1 captou 22% de água em 1h, e apresentou taxa máxima de captação de 45% em 12 h, enquanto F2 captou apenas 26% de água durante 1h, sugerindo que a formulação sem tensoativo capta água assim como a formulação contendo tensoativo, o que pode ser determinante na velocidade de liberação do fármaco. No estudo de liberação in vitro, F1 e F2 promoveu a liberação de 68% e 74% de fármaco em 12 h, respectivamente, demonstrando um perfil de liberação sustentada do fármaco para ambas as formulações. Portanto, a formulação baseada em manteiga de murumuru, sem o uso de tensoativo, apresentou-se como um sistema de liberação líquido-cristalino versátil e promissor para a obtenção de formulações verdes, sustentáveis, com alto valor agregado e baixo custo produtivo.